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Foto do escritorIsa Cicalise

O elemento Fogo

Estudar e refletir sobre os quatro elementos é uma forma fundamental de entender o ser humano. Diversas escolas e linhas pensaram a psique e comportamento humano através dessa premissa. Muitas delas incluindo também o éter como quinto elemento.


Já escrevi um pouco mais sobre isso em outro texto, que você pode ler aqui.


Hoje, gostaria de explorar um pouco mais do primeiro elemento, o fogo. Na astrologia é o elemento responsável pelo primeiro signo do zodíaco, áries e também por leão e sagitário. Para Jung, identificamos como a função psíquica irracional conhecida como intuição. Na teoria dos quatro temperamentos ou quatro humores, desenvolvida na Antiga Grécia e usada hoje tanto na homeopatia quanto na antroposofia, o fogo é relacionado ao temperamento colérico.


É evidente, se analisarmos historicamente, a importância de entendermos como os elementos se traduzem em comportamentos humanos, não para classificarmos as pessoas, mas para nos conhecermos ainda mais profundamente e saber como cuidar de nossos apetites. Todas as pessoas possuem os quatro elementos dentro de si, a diferença é a distribuição entre eles. Daí a magia de perceber um pouco dessa distribuição interna para saber como nos equilibrarmos.


Quando imaginamos o fogo, o calor e a inconstância são dois aspectos que podem facilmente aparecer em nossas mentes. Se pensarmos nesse calor produzido, podemos pensar em energia. E aí temos uma primeira característica deste elemento, pessoas que possuem muito fogo são muito enérgicas. Como se o combustível estivesse sempre lá, elas possuem a capacidade de alimentar esse fogo e estar sempre em movimento, em ação.

uma pessoa de costas ao lado de uma fogueira
Que a chama nunca se apague

Quanto à inconstância, se acendermos uma fogueira e passarmos a noite observando o fogo, perceberemos que ele não é um elemento imutável, que mantém sua forma e faz alterações mínimas de maneira lenta. Pelo contrário, cada elemento que você introduz no fogo causa uma grande alteração e é preciso estar sempre cuidando para que ele não apague ou se alastre. É difícil prever uma noite inteira de fogo, se não, impossível.


Esse aspecto também se revela no ser humano. Aqueles que possuem muito fogo são imprevisíveis, inconstantes. Aquelas pessoas que iniciam algo, já largam, logo depois estão em outro lugar completamente diferente e por aí vai. Você não consegue prever seu caminho, pois não há muito apreço à linearidade, a seguir a linha reta já traçada pelos antepassados ou pela sociedade. Há uma necessidade de fantasia, de imaginação, de movimento.


Olhando para essas duas características é possível entender porque esse comportamento foi descrito como colérico ou porque tem a ver com a irritação, com a raiva ou agressividade. Como há muita produção de energia, há necessidade de movimento. Toda essa energia precisa ser traduzida em ação, precisa ser canalizada para algo. Se não, a pessoa implode e explode com aqueles que estiverem próximos.


Então, um cuidado com o elemento fogo é manter a chama acesa, buscar paixões, buscar se dedicar ao que lhe chama o coração. Não ficar parado, não aceitar a ordem posta e apenas seguir as regras. Uma criança de fogo pode ser aquela que não para quieta e é importante permitir que ela realmente não pare, que ela possa correr, brincar, exercitar-se para gastar essa energia, para se sentir bem e aos poucos conforme cresce, aprender a dosar todo esse fogo.


O fogo em geral não pensa de uma forma racional, não há uma análise dos fatos, uma premeditação de como agir. Ele simplesmente age, como se estivesse conectado com algo a mais, com uma esfera invisível. Daí, podemos entender a questão da intuição como o elemento fogo. A intuição é aquilo que captamos do todo, não conseguimos explicar, apenas perceber e escolher agir de acordo com ela ou não. Para captá-la é preciso estar dentro da situação, imerso, sem discriminar os detalhes, apenas entregue. E essa capacidade está relacionada ao fogo, de entregar-se, mesmo que por alguns segundos. Ele é como que tomado pelas situações, não sabe muito bem como entra ou sai, não há muita capacidade de explicar os fatos, apenas acontece. Assim como a intuição.


Outra característica do elemento fogo no comportamento humano é a busca sempre de algo mais, algo novo, algo além da realidade. A capacidade de imaginação e criação é bastante grande. É preciso fantasia, magia, pois apenas a realidade nua e crua não basta. Há uma conexão constante com o futuro, com o porvir. Ele precisa viver esse mundo de fantasia, pois sua capacidade de simbolização é muito grande. Isso pode gerar alguns problemas com o dia-a-dia, com as necessidades básicas cotidianas, que ele se esquece ou não percebe a importância. Bem como, com seu corpo, pois pode sentir-se um pouco desconectado da matéria terrena.


Para equilibrar esse aspecto, é necessário saber dosar a fantasia e a realidade. O caminho não é bloquear toda essa fantasia, mas dar vazão a ela. Ter momentos de criação, de arte por um lado e por outro, buscar o seu ritmo. Encontrar seu próprio tempo de autocuidado, de construção, descobrir o passo a passo de cada coisa, pois é um elemento que precisa do ar para se desenvolver, precisa respirar. E precisa também assumir suas responsabilidades, entender que a fantasia só é possível se a realidade caminhar junto.


Resumindo, fiz aqui uma breve apresentação do elemento, com suas características mais básicas, mas é evidente que poderíamos falar muito mais sobre o assunto. Todo elemento possui luz e sombra. Há aspectos que são característicos e precisam de permissão para se manifestarem e outros que precisam ser olhados com cuidado, visando sempre o equilíbrio.


Fogo é intensidade, é contágio, é futuro, fantasia em seu aspecto mais positivo, mas pode ser também inconsistência, irresponsabilidade e cólera. É sempre nossa escolha como trabalharmos e cuidarmos de nossos aspectos interiores. Tudo que possuímos deve ser acolhido, pois o caminho para nos transformarmos é nos aceitarmos e descobrirmos como lidar conosco, um passo de cada vez.


o estado natural do ser humano é a alegria.

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